Os avanços silenciosos do Google no campo da inteligência artificial
06/12/2024
Eu tenho algo terrível a admitir: eu sou alguém muito antenado e interessado pelos avanços da inteligência artifical, generativa ou não. A revelação de como modelos de linguagem, redes neurais e algoritmos podem ser utilizados para impulsionar a criatividade humana veio a mim graças à bolsa de pesquisa científica na qual estou inscrito desde o segundo semestre do ano passado, e desde que, sob a orientação do Prof. Roberto Tietzmann, eu comecei a mexer no ChatGPT, Dall-E e etc., eu tenho usado de ferramentas de IA generativa quase que diariamente, tanto para resolver problemas do dia-a-dia quanto, quanto para estudar, quanto para assisir-me em meus creative endeavors.
Embora a empresa de referência no meio da IAG seja, para a maioria das pessoas, a OpenAI - proprietária dos já-mencionados modelos/ferramentas de geração de texto e imagens estáticas -, um nome conhecido que têm feito passos gigantes, mas silenciosos neste meio é a Google. A baixa repercursão que as inovações da "gigante de Mountain View" tem feito neste novo mercado é surpreendente, até chocante, para mim - afinal de contas, foi ela que primeiro nos introduziu à ideia de IAs com contato direto a nós, usuários, com o infame algoritmo do YouTube; seria de se esperar que tudo que a empresa criasse de novo e que utilizasse de algoritmos e/ou modelos de linguagem chamasse a atenção do pessoal mais tech-savvy, certo? Mas não, o lançamento de "produtos" (na minha opinião este termo não pertence ao campo das ferramentas de IA generativa, mas enfim) como o Veo, o Genie 2 e o NotebookLM (este último sendo o qual eu utilizo mais frequentemente) não têm chamado a atenção nem do público geral nem daqueles que observam, de uma média distância, o avanço e a popularização das IAs generativas, making waves apenas entre os mais aficcionados pelo tópico. Há várias razões pela qual isto pode estar acontecendo, entre elas a controvérsia que a primeira versão do gerador de imagens associado ao Google Gemini, o equivalente ao ChatGPT da empresa, atraiu enquanto estava disponível ao público, mas isto foi a quase um ano atrás (o modelo foi corrigido e evoluiu muito desde então), e me é estranha a ideia de que uma comunidade tão obcecada pelo futuro quanto a de usuários de IAs seja capaz de guardar rancor por tanto tempo (relativamente falando).
Eu acredito que será a Google quem vencerá a grande corrida das IAs generativas, após o estouro da "bolha" na qual o ramo se encontra atualmente, após todos aceitarem e adaptarem-se ao fato de que esta tecnologia veio pra ficar. Digo isto porque os serviços e produtos da empresa já estão em todo lugar (especialmente em países menos desenvolvidos como o Brasil, onde o acesso não só a hardware mais potente, como também a planos de assinatura e softwares especializados é mais difícil) e porque ela aposta tanto na inovação que leva o mercado para frente, quanto na integração de seus modelos de IA a seus serviços e produtos já exisentes, que todo mundo usa. Já temos IA integrada ao serviço de buscas, ao Docs e outros membros da família Workspace, ao sistema operacional Android e, como mencionado anteriormente, ao YouTube, e isso mostra que a filha de Larry Page e Sergey Brin está interessada em tornar a tecnologia útil e acessível para todos, o que não só é uma estratégia de negócios brilhante, como também um objetivo surpreendentemente generoso e até mesmo altruísta que as outras empresas do ramo parecem não almejar (cada uma de sua própria maneira), e que ao meu ver garantirá sua sobrevivência ao longo prazo enquanto que empresas como a OpenAI, a Runway e a Anthropic ruirão mais cedo ou mais tarde.